terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Espírito de ano novo

Natal, Réveillon, calendário novo em folha, férias, verão... Entenda como o clima de festa e renovação desse período recompensa o seu organismo.

 
Aproximidade do fim de ano mexe com os nervos. Cria um tipo de ansiedade com estímulos próprios que parece nos dar mais vontade de viver. É um estresse capaz de motivar as pessoas a fazer algo especial. As cidades ficam mais agitadas, e o trânsito, maluco. Todos correndo para poder... parar — e se entregar à família e aos amigos. Uma pausa para reunir quem se ama em torno da ceia de Natal e celebrar tanto o ano que se encerra como aquele que está por vir. Ou simplesmente um intervalo para descansar e mergulhar em um período de férias, que coincide com a chegada do verão. Tudo isso, claro, repercute em nossa saúde.

Os cientistas explicam que a iminência das festas de fim de ano gera uma expectativa positiva. As luzes típicas dos festejos ativam áreas específicas do cérebro e desencadeiam processos saudáveis ao corpo. "Nessa época, a amígdala encefálica, encarregada de dar significado emocional a fatos e datas, está a mil por hora", explica o psicobiólogo Ricardo Monezi, pesquisador do Instituto de Medicina Comportamental da Universidade Federal de São Paulo. "O hipocampo, outra região cerebral, também trabalha acima da média porque é ele quem atribui importância às informações que a mente recebe. O resultado é a maior produção de neurotransmissores associados à sensação de bem-estar, como a endorfina e a serotonina." Já na versão da neurologista Sonia Brucki, do Departamento Científico de Neurologia Cognitiva e do Envelhecimento da Associação Brasileira de Neurologia, a proximidade do fi m de ano aciona o mecanismo de planejamento futuro do cérebro em busca de recompensa. "Esse processo envolve os lóbulos frontais e as regiões límbicas, responsáveis pelo controle das emoções, e embute sensações agradáveis ligadas às emoções. Diante da expectativa de algo positivo, o cérebro gratifica o corpo com substâncias químicas associadas ao prazer."

Dezembro fecha um ciclo estipulado por um calendário social. É um período em que se encerra o velho para dar início ao novo. Um momento para renovar promessas e esperanças. "Esse movimento mexe com a integralidade do indivíduo, que termina uma vida de um ano e começa outra. O cérebro percebe a mudança e a mente prepara o corpo para essa transformação", ilustra Ricardo Monezi. O fim do ano também é um momento de repouso. Mas, para que a pausa revigore, é preciso realmente descansar. Dormir muito, calçar chinelos, desligar o telefone celular, sair sem relógio e comer só quando se tem fome são ações que indicam ao nosso coordenador fisiológico que o chefão está se dando um presente.

Segundo Monezi, o cérebro retribui o mimo com alívio da tensão muscular, diminuição da frequência cardíaca, melhora da qualidade do sono, redução da liberação de hormônios ligados ao bom estresse e aumento da produção de hormônios associados ao bem-estar. Agora, para que tudo isso se concretize, é preciso colaborar, como ensina a psicanalista Mara Salla, pesquisadora da PUC-SP: "Temos de ser verdadeiros conosco. Rir e amar durante cada ritual, de corpo e alma".

RISCOS DE SER DO CONTRA

O estresse de fim de ano pode ser também uma armadilha para o corpo. Encarar as celebrações como uma obrigação ou cultivar a aversão à data, claro, faz mal à saúde de qualquer um. Assim como sair de férias acelerado demais e preocupado com mil pendências. É que o cérebro recebe a informação de que está próximo de um evento frustrante e, daí, desencadeia a produção de hormônios como o cortisol, ligado ao estresse ruim. "A tristeza aumenta a intensidade e a permanência do cortisol no corpo, o que debilita o sistema de defesa e leva a doenças, principalmente as infecções oportunistas", diz a psicanalista Mara Salla, do Laboratório de Estudos de Saúde e Sexualidade Humana da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Em outras palavras, o que era para ser recompensa vira punição.

DEZ MANDAMENTOS DE FIM DE ANO
Comece o novo ciclo de sua vida com o pé direito — e a mente em seu favor

1. Fuja do bombardeio de "obrigações" dessa época. Faça apenas o que lhe der satisfação, sem regras rígidas. Reedite boas experiências de anos anteriores.

2. Admita que as confraternizações de Natal e Réveillon interferem na sua vida independentemente de sua vontade e aprenda a extrair o melhor delas.

3. Planeje-se antes de entrar no furacão de afazeres e compromissos da segunda quinzena de dezembro. Estabeleça prioridades e respeite seus limites.

4. Mande cartões de fi m de ano com mensagens genuínas a quem ama. De preferência, escreva-os a mão. Se o mercantilismo da data o incomoda, construa os presentes que vai dar.

5. Reserve um dia com a família para montar a árvore de Natal, com calma e sem celulares tocando. Use esse pretexto para exercer sua espontaneidade.

6. Recupere os valores que dão sentido à sua vida. Vasculhe na sua própria existência os princípios que nortearam seu caminho até aqui e seja você mesmo.

7. Aproveite o espírito de confraternização para exercer a fraternidade. Procure sorrir e ser mais amoroso com as pessoas. Cumprimente os vizinhos.

8. Celebre as festas sem culpa, beba e coma o que tiver vontade. Só evite os excessos para manter-se presente em cada momento desse período tão especial.

9. Perdoe-se pelos erros que cometeu. Evite julgar-se e sofrer mais que o necessário. Em vez disso, encare os equívocos da vida como oportunidades para se corrigir e amadurecer.

10. Faça uma lista de metas para o ano que começa, mas assegure-se de que todas estão a seu alcance. Vale desde escovar os dentes quatro vezes por dia até viajar pelo menos uma vez por mês para praias ou montanhas

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